Luto pela morte de irmãos.

Se você já enfrentou o luto pela morte de um irmão ou de uma irmã, saiba que esta é uma experiência de intenso sofrimento mesmo para aqueles que já não dividiam a mesma casa ou até mesmo para aqueles irmãos que tinham conflitos pessoais. 

A perda de um irmão pode impactar uma pessoa de formas diferentes ao longo da vida, mas dificilmente alguém passará por isso sem viver um luto.

Neste texto vamos explicar porque a morte de um irmão, seja na infância, na juventude ou vida adulta, provoca sentimentos de profunda tristeza.

Irmãos são testemunhas da mesma história familiar.

Mesmo que você não tenha afinidade com seus irmãos, vocês compartilham uma memória comum: a memória que conta os fatos da família. Seus irmãos dividiram momentos de alegria e de tristeza com você, passaram dificuldades e se alegraram com as coisas boas que a família viveu. Perder um irmão é perder parte deste patrimônio, desta porção da história que morre com ele, mesmo ela permanecendo viva dentro de você.

O medo da morte após a perda do irmão.

O fato de irmãos biológicos compartilharem a mesma herança genética pode ser um fator de preocupação para o seu luto, especialmente se a morte aconteceu por algum problema de saúde. Você pode sentir medo de morrer também por partilharem genes semelhantes. Caso vocês não sejam irmãos biológicos, mas o sejam por convivência, por adoção ou por parte de um genitor somente, ainda assim o irmão é visto como um semelhante com quem você tem muitos pontos de identificação. Esta sensação de identificação e semelhança pode despertar o medo da sua própria morte.

Luto e culpa após a morte do irmão.

Por melhor que tenha sido sua relação com seus irmãos, o nível de intimidade que esta relação convoca é capaz de provocar intensos sentimentos contraditórios, convidando os irmãos a experimentarem alegria e raiva, amor e ódio, proteção e ciúme em um mesmo dia. Você pode acordar feliz por ter com quem compartilhar a vida e na hora do almoço ter uma briga ferrenha por um pedaço a mais de torta. A relação entre irmãos costuma ser entre “tapas e beijos”. Nos momentos de raiva você pode ter desejado que ele não existisse ou que ele não fosse parte da família, e isso pode gerar muita culpa para o seu processo de luto. Especialmente no luto das crianças, a culpa por desejar que o irmão não existisse pode fazê-la acreditar que seu desejo foi responsável por aquela morte. 

Dica: Tome cuidado para que o “bichinho da culpa” não torne seu luto mais pesado do que ele já é. Aceite que na relação íntima entre duas pessoas que dividem elementos tão importantes como os pais e a casa podem caber diferentes sentimentos. Nem por isso o amor e a cumplicidade serão desconsiderados no seu luto. 

Por que meu irmão morreu e eu não? Você pode se sentir culpado por ter sobrevivido.

“Se somos irmãos e estávamos juntos, por que ele morreu e não eu?” Esta foi a pergunta de uma jovem que perdeu seu irmão em um acidente de carro no qual ela também estava. Ao contrário do medo de morrer, você também pode se sentir culpado por ter sobrevivido, como se não se sentisse autorizado a gozar a sua própria vida, já que o mesmo acidente matou o irmão. 

Dica: É importante que você sempre se lembre que não temos todos os controles sobre a vida e morte como gostaríamos de ter. Portanto, se lhe coube a vida, viva-a por você e pelo irmão que você perdeu. Por ter vivido uma perda de irmão, você pode se apoiar na constatação de que a vida é rara e valiosa e, portanto, honre seus momentos.

Como superar o luto após a perda do irmão e criar outros vínculos.

Morar na mesma casa, dividir os mesmos pais, a mesma comida, o mesmo espaço físico, os mesmos familiares e frequentar os mesmos eventos durante a infância são poderosos potencializadores de relações íntimas. Se você se tornou um adulto que tem pouca intimidade com seu irmão, saiba que nem sempre isso foi assim. A intimidade conquistada na infância costuma permanecer ao longo da vida, e por isso a relação com os irmãos costuma ser sem formalidades. São relações nas quais você está o mais próximo possível de ser você mesmo. Perder um irmão é perder uma relação na qual você podia se sentir mais livre e com menos cobranças sociais. 

Dica: É importante que você tenha desenvolvido ou venha a desenvolver outras relações íntimas com amigos, parceiro amoroso ou parentes porque você sentirá falta de ser você mesmo.

O luto do irmão e a convivência com os pais enlutados.

Quando um irmão morre, você pode perder temporariamente um pouco dos pais, que provavelmente estarão consumidos pela tristeza da perda do filho. Pais enlutados não são maus pais, porém eles ficam menos disponíveis, especialmente nos primeiros tempos do luto, tamanha é a dor e sofrimento a que estão submetidos. Neste processo você pode pensar que só havia amor pelo seu irmão, já que sua presença não é suficiente para devolver a alegria de seus pais. É importante saber que nos primeiros tempos de luto, a tristeza pode ofuscar a alegria, por maior que seja a felicidade. Mas saiba também que são os vínculos com a vida, com os outros filhos, com o cuidado deles, que muitas vezes funcionam como a mola propulsora da melhora, mesmo que isso não fique evidente para você. 

Dica: Se você estiver se sentindo “esquecido”, procure conversar com seus pais sobre seus sentimentos e propor que eles possam ampliar um pouco a convivência com você. Recorra também a parentes por quem você se sente amado, quando seus pais não puderem lhe dar o suporte que você necessita.

Respeitando o espaço para viver o seu luto.

Se você perdeu um irmão, seus pais perderam um filho e, em geral, os cuidados maiores da sociedade acabam se voltando mais para o luto dos pais, exceto quando a perda ocorre na infância. Não há como mensurar as dores de perder um filho ou perder um irmão. Ambas merecem ser acolhidas, mas de formas distintas, tal como elas são. Aos filhos sobreviventes, pode caber a difícil missão de “cuidar” dos pais em luto, mesmo que eles mesmos estejam feridos internamente. Não é incomum encontrar um adulto que encobriu sua dor e adiou seu luto por anos, para poupar seus pais, já entristecidos pela perda do filho.  

Dica: Saiba que seu luto também merece espaço. Não tente medir as dores, desqualificando a sua. Aceite seu luto, expresse seus sentimentos e, se necessário, busque ajuda. 

Ter um irmão é ter, pra sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração.” (Tati Bernardi)

Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras

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Enfrentar o luto após a perda da mãe, independentemente da idade e das circunstâncias, é um dos maiores desafios que enfrentamos ao longo da vida. Perder a mãe é como romper uma conexão intensa e profunda e colocar fim a uma relação de afeto construída durante muito tempo com a figura materna e consigo mesmo. Em seu livro “A soma de todos os afetos”, Fabíola Simão ressalta que “a maior saudade que nós vamos sentir na vida é saudade de mãe… pois é a saudade de nós mesmos!”. A força desta ligação entre uma mãe e seu filho traduz, entre outras coisas, a magnitude das relações humanas. As mães são a nossa primeira e intensa experiência de amor.

Luto pela mãe: por que enfrentar a morte da mãe é tão difícil?

No mundo animal, os filhotes nascem e após alguns poucos dias ou meses, muito rapidamente se desenvolvem, aprendem a buscar alimento, se tornam independentes e se afastam da mãe. Os humanos somos os únicos seres que, por um bom tempo, precisamos de uma figura de apego e de cuidado para sobreviver. Ao longo do desenvolvimento humano, a mãe ajuda a construir uma estrutura física e emocional, ensinando estratégias de proteção ao perigo e sistema de alerta. Os estudos sobre a Teoria do Apego apontam para a importância dessa dimensão. A função da figura materna é proteger, confortar e garantir a sobrevivência da pessoa apegada.

A figura materna e as relações humanas.

Não podemos deixar de destacar que as relações humanas, mesmo as mais intensas, não são necessariamente seladas somente pelo amor. Temos que considerar, neste universo, que muitos filhos não viveram com suas mães biológicas ou tiveram relações difíceis com suas mães, a ponto de às vezes os afastarem. Outros, no entanto, foram cuidados pelo pai, avô, tio, pessoas que desempenharam papel de mãe. Se essa é sua vivência, não se sinta excluído, pense que existiu alguém que cumpriu esta missão de te proteger e cuidar enquanto você não podia cuidar de si mesmo.

Como lidar com a dor de perder uma mãe? A grandiosidade do papel de mãe.

Já dissemos em textos anteriores que o luto é um processo universal e individual, ou seja, cada luto é particular e tem o colorido da relação construída entre os dois sujeitos, afinal, todos nós somos individuais no nosso jeito de ser. Desse modo, nenhum luto é igual ao outro, pois não dá para mensurar a tristeza e o luto de cada um. A forma de superar o luto para alguém pode ser diferente da sua. Nenhum luto é menor ou maior do que o outro. Não existe fórmula, etiqueta e script para seguir. O luto tem que ser vivido e exige de cada enlutado um trabalho de reorganização psicológica vivido em decorrência de uma perda de forte ligação afetiva.

Como viver o luto da mãe? Alguns cuidados para você atravessar esse difícil caminho.

Fique triste quando se sentir triste. Reconheça que o luto é seu e não tem problema não se sentir bem. As pessoas esperam que rapidamente os enlutados voltem a ser o que eram, porém ninguém é a mesma pessoa depois de perder a mãe. Acolha seus sentimentos e permita-se também ser feliz ainda que por alguns instantes. Chore ou sorria se sentir vontade.
  • Não compare seu luto com os irmãos e familiares. Você é único e sua relação com sua mãe também.
  • As pessoas dizem sempre: com o tempo vai passar!  Esqueça esse tempo, pois o seu tempo não tem escalas.
  • Busque, quando se sentir sozinho, uma rede de apoio de pessoas que possam te ouvir sem julgamentos.
  • Não esqueça da dor, mas continue vivendo, pois outras pessoas estão ao seu redor e gostam de você.
  • Faça suas homenagens, crie seus rituais e valorize os bons momentos vividos que hoje são lindas e eternas memórias.
  • Tente construir para você o legado de sua mãe: algumas atitudes e ensinamentos são lições que a mãe deixa eternamente em nossos corações.
  • Faça a sua homenagem! A saudade vem de uma lembrança e pede um ritual. O ritual não tira nossas dores, mas acalma nossa alma.
Gostaríamos, porém não temos uma fórmula mágica para superar este momento de luto pela perda da mãe. Muito além de uma “solução”, é muito importante enfrentar, dia após dia, o processo de luto. Lembre-se que, apesar de ser um processo individual, você não precisa passar por ele sozinho. Conte com amigos próximos, pessoas de confiança e profissionais para que o luto seja atravessado de maneira saudável.

Apoio ao luto no Memorial Parque das Cerejeiras.

Para o Parque das Cerejeiras, o suporte ao luto significa praticar a solidariedade com o próximo. Atuamos no apoio ao enlutado, em parceria com o Centro de Psicologia Maiêutica, com foco na saúde espiritual e psicológica dos que enfrentam a perda do ente querido. Entre em contato conosco e conheça nosso trabalho. Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Cerejeiras" ["post_title"]=> string(44) "Como enfrentar o luto após a perda da mãe?" ["post_excerpt"]=> string(0) "" ["post_status"]=> string(7) "publish" ["comment_status"]=> string(4) "open" ["ping_status"]=> string(4) "open" ["post_password"]=> string(0) "" ["post_name"]=> string(41) "como-enfrentar-o-luto-apos-a-perda-da-mae" ["to_ping"]=> string(0) "" ["pinged"]=> string(0) "" ["post_modified"]=> string(19) "2025-07-14 16:00:07" ["post_modified_gmt"]=> string(19) "2025-07-14 19:00:07" ["post_content_filtered"]=> string(0) "" ["post_parent"]=> int(0) ["guid"]=> string(43) "https://cerejeiras.com.br/sitenovo/?p=14783" ["menu_order"]=> int(0) ["post_type"]=> string(4) "post" ["post_mime_type"]=> string(0) "" ["comment_count"]=> string(2) "15" ["filter"]=> string(3) "raw" }

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