A morte do animal de estimação e o luto da família: como enfrentar este momento?

A morte do animal de estimação não é um momento fácil para a família, pois nossa relação com os pets é permeada por muito afeto e amor. Como a estimativa de vida dos animais é bem menor que a do ser humano, é esperado que, em algum momento, a família que convive com um animal de estimação vivencie, com muita dor e tristeza, o envelhecimento e a morte de seu pet. 

O processo de luto acontece toda vez que nos separamos definitivamente de algo com o qual nos ligamos afetivamente. Neste sentido, a morte dos animais de estimação também desencadeia o processo de luto.

O difícil luto após a morte do animal de estimação.

Nem todas as pessoas compreendem esta dor emocional e, por vezes, criticam e banalizam as atitudes daqueles que demonstram o sofrimento pela perda de animais. Expressões como o choro, o desânimo e a profunda tristeza que a morte pode evocar também podem ser vivenciadas pelas pessoas que perdem seus animais de estimação. É importante ressaltar que é esperado e necessário que as pessoas vivenciem os sentimentos de luto, seja pela perda de uma pessoa ou de um animal, para que a despedida se efetive e possa se transformar em saudade.

Como apoiar o luto da família que perdeu o seu animal de estimação?

Quando uma família está sofrendo pela morte de um animal de estimação, é importante que esta dor seja validada, ou seja, que haja a compreensão de que se trata de uma despedida e que o sofrimento seja acolhido socialmente.

Encontrar formas de expressar este sofrimento é muito saudável, como pequenas homenagens, fotos, painéis, caixa de lembranças, publicações em redes sociais, dentre outras coisas.

O que acontecerá com o corpo do meu pet?

Tanto na morte de pessoas quanto de animais, o corpo de quem morreu ganha grande significado. Quando perdemos um ente querido, é muito comum atribuir “vida” ao corpo já morto, e assim também acontece diante da morte de um animal. 

A pergunta que os veterinários costumam ouvir é “o que acontecerá com o corpo do meu cachorrinho, do meu gatinho, do meu passarinho?” Esta pergunta reflete um grande anseio em continuar cuidando do bichinho.

Nosso país vem se estruturando cada vez mais para acolher o luto pela morte de animais de estimação e poder oferecer um ritual e destinos adequados aos corpos deles por meio de cemitérios e crematórios específicos para animais.

O que fazer quando o animal de estimação morre?

As homenagens favorecem também neste tipo de luto. Reunir os filhos para uma despedida, guardar um chumaço de pelo ou montar uma caixinha de memória com a coleira e outros pertences do animal são formas de lidar com o sofrimento.

Embora haja uma crença intuitiva de que estas atitudes aumentam o sofrimento, o estudo do luto comprova que as homenagens favorecem o processo de despedida, na medida em que oferecem lugar, nome e forma para a dor da perda.

Algumas pessoas, como forma de evitar o sofrimento, pensam em adquirir outro animal rapidamente, imaginando que o amor pelo que morreu possa ser substituído pelo amor do novo bichinho, ou ao contrário, juram que nunca mais vão querer se aproximar de outro animal de estimação. Ambas as ações são grandes equívocos, pois a relação que se estabelece com cada animal é única e insubstituível. É necessário primeiro curar a ferida aberta pela perda, para depois se permitir construir um novo relacionamento.

O que dizer para a criança diante da morte do animal de estimação?

Se fosse possível, resguardaríamos as crianças desse momento, mas não podemos poupá-las. Elas sentem quando escondemos algo e sofrem muito com esta falta de informação. Por isso, em caso de morte do animal, qualquer que seja, a criança deve ser comunicada. 

Adiantamos que esta tarefa não será nada fácil, mas é a forma mais adequada de conduzir tal situação.

A criança também vive o processo do luto com algumas diferenças em relação ao adulto. Quanto menor ela for, menos condições terá de entender racionalmente a morte, mas será igualmente impactada pela ausência do animalzinho. Algumas crianças podem demorar um pouco para reagir à morte e somente com o passar do tempo é que vão demonstrando esse sentimento de perda. 

Os pais não devem nunca menosprezar o sofrimento da criança por se tratar da morte de um animal, pois elas também sofrem com o rompimento deste laço de amizade e carinho. 

Ao comunicar a criança sobre a morte, leve em conta os seguintes cuidados:

  • Utilize a palavra “morreu” e evite substituições como: “dormiu”, “viajou”, “partiu”, “foi embora”. Estas palavras podem confundir a criança, que ainda leva tudo ao pé da letra.
  • Evite detalhar a causa da morte, especialmente em caso de violência, mas fale a verdade e deixe-a livre para perguntar o que quiser sobre o assunto.
  • Evite adquirir ou adotar outro animal rapidamente. É importante esperar um tempo apropriado para a vivência do luto.

Apesar de todo o sofrimento, a morte de um animal de estimação é um momento importante para as crianças, porque esta experiência a coloca diante da finitude da vida e a ajuda a compreender melhor o ciclo da vida e as perdas futuras.

Quando o tempo de maior tristeza passar, restará a saudade e as lembranças de tudo que foi bom.

Busque apoio para o luto.

Nós do Parque da Cerejeiras somos especialistas no apoio ao luto e disponibilizamos vários meios de informação e ajuda gratuita. 

Você pode contar com grupos de apoio, missas, palestras com psicólogas especializadas no luto e muitas opções de materiais e textos em nosso blog sobre o assunto. Confira alguns que preparamos e podem ajudar: 

Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras

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Se você já enfrentou o luto pela morte de um irmão ou de uma irmã, saiba que esta é uma experiência de intenso sofrimento mesmo para aqueles que já não dividiam a mesma casa ou até mesmo para aqueles irmãos que tinham conflitos pessoais. A perda de um irmão pode impactar uma pessoa de formas diferentes ao longo da vida, mas dificilmente alguém passará por isso sem viver um luto. Neste texto vamos explicar porque a morte de um irmão, seja na infância, na juventude ou vida adulta, provoca sentimentos de profunda tristeza.

Irmãos são testemunhas da mesma história familiar.

Mesmo que você não tenha afinidade com seus irmãos, vocês compartilham uma memória comum: a memória que conta os fatos da família. Seus irmãos dividiram momentos de alegria e de tristeza com você, passaram dificuldades e se alegraram com as coisas boas que a família viveu. Perder um irmão é perder parte deste patrimônio, desta porção da história que morre com ele, mesmo ela permanecendo viva dentro de você.

O medo da morte após a perda do irmão.

O fato de irmãos biológicos compartilharem a mesma herança genética pode ser um fator de preocupação para o seu luto, especialmente se a morte aconteceu por algum problema de saúde. Você pode sentir medo de morrer também por partilharem genes semelhantes. Caso vocês não sejam irmãos biológicos, mas o sejam por convivência, por adoção ou por parte de um genitor somente, ainda assim o irmão é visto como um semelhante com quem você tem muitos pontos de identificação. Esta sensação de identificação e semelhança pode despertar o medo da sua própria morte.

Luto e culpa após a morte do irmão.

Por melhor que tenha sido sua relação com seus irmãos, o nível de intimidade que esta relação convoca é capaz de provocar intensos sentimentos contraditórios, convidando os irmãos a experimentarem alegria e raiva, amor e ódio, proteção e ciúme em um mesmo dia. Você pode acordar feliz por ter com quem compartilhar a vida e na hora do almoço ter uma briga ferrenha por um pedaço a mais de torta. A relação entre irmãos costuma ser entre “tapas e beijos”. Nos momentos de raiva você pode ter desejado que ele não existisse ou que ele não fosse parte da família, e isso pode gerar muita culpa para o seu processo de luto. Especialmente no luto das crianças, a culpa por desejar que o irmão não existisse pode fazê-la acreditar que seu desejo foi responsável por aquela morte. Dica: Tome cuidado para que o “bichinho da culpa” não torne seu luto mais pesado do que ele já é. Aceite que na relação íntima entre duas pessoas que dividem elementos tão importantes como os pais e a casa podem caber diferentes sentimentos. Nem por isso o amor e a cumplicidade serão desconsiderados no seu luto.

Por que meu irmão morreu e eu não? Você pode se sentir culpado por ter sobrevivido.

“Se somos irmãos e estávamos juntos, por que ele morreu e não eu?” Esta foi a pergunta de uma jovem que perdeu seu irmão em um acidente de carro no qual ela também estava. Ao contrário do medo de morrer, você também pode se sentir culpado por ter sobrevivido, como se não se sentisse autorizado a gozar a sua própria vida, já que o mesmo acidente matou o irmão. Dica: É importante que você sempre se lembre que não temos todos os controles sobre a vida e morte como gostaríamos de ter. Portanto, se lhe coube a vida, viva-a por você e pelo irmão que você perdeu. Por ter vivido uma perda de irmão, você pode se apoiar na constatação de que a vida é rara e valiosa e, portanto, honre seus momentos.

Como superar o luto após a perda do irmão e criar outros vínculos.

Morar na mesma casa, dividir os mesmos pais, a mesma comida, o mesmo espaço físico, os mesmos familiares e frequentar os mesmos eventos durante a infância são poderosos potencializadores de relações íntimas. Se você se tornou um adulto que tem pouca intimidade com seu irmão, saiba que nem sempre isso foi assim. A intimidade conquistada na infância costuma permanecer ao longo da vida, e por isso a relação com os irmãos costuma ser sem formalidades. São relações nas quais você está o mais próximo possível de ser você mesmo. Perder um irmão é perder uma relação na qual você podia se sentir mais livre e com menos cobranças sociais. Dica: É importante que você tenha desenvolvido ou venha a desenvolver outras relações íntimas com amigos, parceiro amoroso ou parentes porque você sentirá falta de ser você mesmo.

O luto do irmão e a convivência com os pais enlutados.

Quando um irmão morre, você pode perder temporariamente um pouco dos pais, que provavelmente estarão consumidos pela tristeza da perda do filho. Pais enlutados não são maus pais, porém eles ficam menos disponíveis, especialmente nos primeiros tempos do luto, tamanha é a dor e sofrimento a que estão submetidos. Neste processo você pode pensar que só havia amor pelo seu irmão, já que sua presença não é suficiente para devolver a alegria de seus pais. É importante saber que nos primeiros tempos de luto, a tristeza pode ofuscar a alegria, por maior que seja a felicidade. Mas saiba também que são os vínculos com a vida, com os outros filhos, com o cuidado deles, que muitas vezes funcionam como a mola propulsora da melhora, mesmo que isso não fique evidente para você. Dica: Se você estiver se sentindo “esquecido”, procure conversar com seus pais sobre seus sentimentos e propor que eles possam ampliar um pouco a convivência com você. Recorra também a parentes por quem você se sente amado, quando seus pais não puderem lhe dar o suporte que você necessita.

Respeitando o espaço para viver o seu luto.

Se você perdeu um irmão, seus pais perderam um filho e, em geral, os cuidados maiores da sociedade acabam se voltando mais para o luto dos pais, exceto quando a perda ocorre na infância. Não há como mensurar as dores de perder um filho ou perder um irmão. Ambas merecem ser acolhidas, mas de formas distintas, tal como elas são. Aos filhos sobreviventes, pode caber a difícil missão de “cuidar” dos pais em luto, mesmo que eles mesmos estejam feridos internamente. Não é incomum encontrar um adulto que encobriu sua dor e adiou seu luto por anos, para poupar seus pais, já entristecidos pela perda do filho. Dica: Saiba que seu luto também merece espaço. Não tente medir as dores, desqualificando a sua. Aceite seu luto, expresse seus sentimentos e, se necessário, busque ajuda. “Ter um irmão é ter, pra sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração.” (Tati Bernardi) Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras luto pela morte de irmãos luto pela morte de irmãos " ["post_title"]=> string(27) "Luto pela morte de irmãos." ["post_excerpt"]=> string(0) "" ["post_status"]=> string(7) "publish" ["comment_status"]=> string(4) "open" ["ping_status"]=> string(4) "open" ["post_password"]=> string(0) "" ["post_name"]=> string(25) "luto-pela-morte-de-irmaos" ["to_ping"]=> string(0) "" ["pinged"]=> string(0) "" ["post_modified"]=> string(19) "2025-01-07 15:46:44" ["post_modified_gmt"]=> string(19) "2025-01-07 18:46:44" ["post_content_filtered"]=> string(0) "" ["post_parent"]=> int(0) ["guid"]=> string(43) "https://cerejeiras.com.br/sitenovo/?p=14792" ["menu_order"]=> int(0) ["post_type"]=> string(4) "post" ["post_mime_type"]=> string(0) "" ["comment_count"]=> string(1) "0" ["filter"]=> string(3) "raw" }

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