As férias, sejam escolares ou de trabalho, assim como datas comemorativas — aniversários, Dia das Mães, Dia dos Pais, Finados, Natal, entre outras — costumam ser momentos de pausa, descanso, reencontros e celebrações. Para a maioria das pessoas, são períodos aguardados com expectativa, geralmente acompanhados de viagens, planos com familiares ou simplesmente um tempo para quebrar a rotina.
No entanto, para quem está vivendo um processo de luto, essas ocasiões podem despertar ansiedade, angústia e um sentimento muito profundo de saudade. As ausências ficam mais evidentes justamente quando o ritmo desacelera e as lembranças aparecem com força: de um pai, mãe, irmão, amigo ou de qualquer perda significativa. O que seria um tempo de prazer pode se tornar um espaço de dor e vazio.
Ao longo deste texto, vamos refletir sobre como o luto se manifesta durante férias e datas comemorativas e como é possível acolher os próprios sentimentos nesses períodos, buscando caminhos de cuidado, escuta e ressignificação.
Sem regras, sem pressa: permissão para sentir.
O luto, infelizmente, não tira férias e as datas comemorativas não podem ser retiradas do calendário. Ambos caminham com o enlutado, mesmo em silêncio, mesmo sob o sol de uma estação alegre ou em meio a festas planejadas.
O luto é um processo individual, muitas vezes solitário, que exige readaptação à vida sem quem partiu. Essa reconstrução emocional não tem prazo para terminar. Por isso, se você está vivendo ou acompanhando alguém nesse processo, é essencial praticar empatia e se permitir sentir.
Está tudo bem se suas férias forem diferentes do esperado. Está tudo bem se houver tristeza. A tristeza pode ser também um espaço de memória e de encontro com seus sentimentos.
Replanejar também é autocuidado.
Cada pessoa tem seu próprio tempo para elaborar uma perda. Permita-se sentir amor, saudade, cansaço ou até raiva. E, se não houver disposição para viagens, festas ou passeios, respeite esse limite.
Talvez férias planejadas antes da perda não façam mais sentido. Você pode adiar, cancelar ou transformar uma viagem agitada em algo mais acolhedor: um retiro silencioso ou uma visita a alguém que possa ouvir sem julgar. O mais importante é respeitar seus limites emocionais. Cuidar de si também é uma forma de honrar a memória de quem partiu e seguir, no seu ritmo, reconstruindo a vida.
Procurar ajuda é sinal de coragem.
Se o sofrimento se tornar muito intenso, com sintomas como insônia persistente, isolamento, perda de apetite, dificuldade de concentração ou desinteresse por tudo que antes trazia prazer, é hora de buscar ajuda.
Grupos de apoio ao luto oferecem um espaço seguro para compartilhar experiências com quem vive situações semelhantes, trazendo acolhimento e identificação. Psicólogos e terapeutas especializados podem ajudar na elaboração da perda, promovendo cuidado, escuta e suporte para seguir caminhando mesmo na dor.
Buscar ajuda não é fraqueza: é um gesto de coragem e autocuidado.
Criar rituais de homenagem pode acalmar o coração.
Por fim, permita-se pequenos gestos de afeto, como criar rituais de homenagem: escrever uma carta, ouvir uma música especial, visitar um lugar marcante na história de vocês. Esses gestos mantêm viva a conexão com quem partiu e oferecem conforto.
Não é alimentar a dor, mas dar espaço ao legado e ao afeto que permanecem. Quem partiu se alegra ao ver os que ficam encontrando formas de seguir vivendo e ressignificando a saudade.
Se precisar de apoio, o Cerejeiras oferece grupos de apoio, palestras, missas, cultos e espaços de homenagem que acolhem o enlutado com suporte psicológico, emocional e espiritual. Consulte nosso portal de apoio ao enlutado.
Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Cerejeiras