
Enfrentar o luto após a morte de um colega de trabalho é um tema pouco discutido, porém muito importante, pois todos nós estamos sujeitos à morte de pessoas especiais que estão no nosso convívio diário.
Experimentamos ao longo dessa jornada algumas perdas significativas de pessoas com as quais tínhamos uma forte ligação afetiva. O luto pela morte de um colega de trabalho deve ser considerado dentro deste contexto, pois, com a relação profissional que aproxima os colegas, é provável que exista um vínculo significativo, por vezes até de amizade, construído através da convivência.
O luto por um colega de trabalho afeta toda a equipe.
Embora não seja frequente, esse episódio pode acontecer a qualquer momento e em qualquer instituição, modificando a dinâmica do grupo, impactando o dia a dia dos colaboradores e a saúde mental.
Seja uma morte repentina ou não, causada por acidente ou por doença, isso exigirá de todos e de cada um novas configurações e adaptações. Algumas instituições contam com programas de acolhimento e apoio aos colaboradores, desenvolvidos pelo departamento de Recursos Humanos.
O processo de luto é individual, varia de pessoa para pessoa, como já vimos em textos anteriores. Assim, o luto por um colega de trabalho pode desencadear diferentes reações e manifestações emocionais diante da perda.
Como retornar ao escritório durante o luto por um colega de trabalho.
O retorno ao trabalho nos dias subsequentes não será fácil. Alguns voltam aparentemente sem nenhuma manifestação emocional, outros mostrarão sentimentos de tristeza e muitas vezes parecerão confusos e sem norte.
Além da ausência que vai pairar nos corredores, daquele “bom dia”, do momento do café, das discussões das tarefas a serem executadas ao longo da semana, você pode lidar com certa desmotivação para o trabalho, desânimo e falta de foco. Sua concentração pode ficar comprometida, perder seu apetite, mostrar irritabilidade com o restante dos colegas e muitas outras manifestações esperadas neste momento.
Se você está vivenciando essa difícil experiência de luto por um colega de trabalho veja algumas orientações que podem fazer a diferença no seu percurso de luto pessoal.
- O primeiro passo é aceitar o seu luto. Você está de luto!
- Não tenha pressa, pois esse processo leva tempo e reconstruir um novo clima de trabalho vai exigir muita energia física e psíquica.
- Cuide de si em todos os sentidos, se antecipe seguindo com uma boa alimentação, uma boa qualidade de sono e, se possível, faça exercícios regularmente. Isso pode ajudá-lo contra uma eventual depressão ou problemas de saúde.
- É importante compreender que as pessoas vivem seus lutos de formas diferentes, mas é preciso considerar que todos os que conviviam com essa pessoa sofrerão algum impacto e terão reações distintas, que irão desde tristeza, choro, ou necessidade de falar do colega, até negação, distanciamento, racionalização e aparente isolamento.
- Se houver alguma cerimônia de despedida ou homenagem, será uma boa ocasião para se despedir, para apoiar a família, dizer o quanto, além deles, você também sentirá falta daquela pessoa.
Como o gestor pode ajudar a equipe em luto por um colega de trabalho?
Os gestores e colegas serão fundamentais para essa travessia chamada luto.
Se você é gestor e sua equipe enfrenta o luto por um colega de trabalho, será necessário ter muita dedicação e compreensão neste momento delicado.
- Se possível, crie pequenas flexibilizações na rotina para que o trabalhador possa sentir-se amparado e compreendido pela empresa.
- Não espere que sua equipe volte à normalidade tão rapidamente, especialmente se a morte tiver sido de um dos membros do time.
- Considere que a equipe precisa de tempo para se recuperar e que, durante todo esse período, provavelmente você enfrentará uma queda no desempenho individual e coletivo.
- Esteja disponível e escute ativamente as necessidades do pessoal.
- Demonstre interesse em saber o tipo de suporte que fará com que eles se sintam mais acolhidos.
- Deixe sua equipe à vontade para que sintam que podem pedir ajuda psicológica quando necessário.
- Mantenha os ‘3 Cs’ em mente: Comunicação, Compaixão e Conexão.
Estruture as formas de apoio e implemente o que for possível dentro do seu contexto. Somente de saber que o gestor está disponível e atencioso em relação ao luto da equipe já é um excelente consolo para enfrentar este processo.
Dicas para enfrentar o luto por um colega de trabalho que partiu.
O trecho da letra de uma música do Milton Nascimento (“amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração”) nos convida a refletir: quem amamos fica no nosso coração, ou seja, do lado de dentro, mesmo que não exista mais do lado de fora.
Estas são algumas ações que visam ajudá-lo a reestabelecer uma certa ordem emocional para continuar suas atividades.
- Peça ajuda se for necessário, não espere que as pessoas a sua volta saibam o que está sentindo.
- Se para você é importante externar seus sentimentos, busque alguém que possa ouvi-lo. Não adianta fazer de conta que nada aconteceu, pois a longo prazo isso poderá acarretar mais problemas.
- A ajuda de algum profissional da área médica ou psicólogo pode ser necessária para uma avaliação e orientações.
- Caso você esteja acompanhando um amigo que perdeu um colega, pode auxiliá-lo escutando seus sentimentos sem julgá-los, pois neste momento tudo que o enlutado precisa é ser acolhido incondicionalmente.
Perder alguém é difícil e doloroso, mas você não precisa passar por isso sozinho. Cerque-se de pessoas que te fazem bem e receba o acolhimento neste período de luto.
Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras.
A morte de pessoas famosas costuma provocar grande comoção e luto coletivo. Uma das razões é que as pessoas famosas fazem parte do nosso dia a dia, seja por ouvirmos suas músicas, vermos seus filmes, ou outras situações, criando um sentimento de intimidade por nossa parte. Elas acabam nos acompanhando no cotidiano, em momentos felizes, tristes, parecendo com nossos amigos.
Além disso, o luto coletivo e a morte de pessoas famosas trazem uma reflexão sobre a nossa vida, permitindo que pensemos sobre o que queremos, o que mais nos importa, sobre as pessoas que amamos e que são essenciais para nós. Por isso, é importante que o luto coletivo seja demonstrado tanto quanto o luto pessoal, já que se trata de um momento de sensibilidade, de vulnerabilidade, no qual as emoções precisam ser expressas.
Personalidades políticas como os presidentes Tancredo Neves e John Kennedy, esportistas como Ayrton Senna, celebridades como Lady Diana e Michael Jackson, referências da música como Freddy Mercury e Renato Russo, ou jovens artistas como os Mamonas Assassinas, Paulo Gustavo a Marília Mendonça, são todos casos de perdas que geraram grande comoção popular e luto coletivo.
