Luto e Saúde

Saúde é, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. A relação entre a saúde física e a saúde mental é unanimidade de acordo com os profissionais da saúde. O exercício físico pode melhorar a função das sinapses entre os neurônios aumentando o metabolismo das células neurais e o fornecimento de sangue no cérebro, o que gera crescente capacidade de processamento neural, ou seja, faz com que as células cerebrais se comuniquem melhor.

O corpo e a mente estão constantemente conectados.

Não podemos esquecer que nosso corpo está intimamente ligado ao nosso cérebro. O binômio “Corpo e Mente” está em constante conexão e, muitas vezes, um fala em nome do outro.   

Um estresse emocional muito grande como o luto pode modificar todo o metabolismo, alterando a ação de hormônios, a resposta de imunidade e, consequentemente, vários sintomas podem indicar que algo está em desequilíbrio. O processo de adaptação a uma nova realidade de si e do mundo, mesmo sendo cultural, familiar, e sem tempo certo de conclusão, requer cuidados especiais.

Entenda como o luto interfere na saúde do nosso corpo.

Muitos enlutados perguntam: “Por que depois da morte do meu filho eu desenvolvi diabete?”. Ou fazem comentários como: “Este mês tem sido muito difícil, vai fazer um ano que ela faleceu e além de não conseguir dormir, descobri que estou com a pressão alta”; “Depois que perdi meu marido fiquei doente, me deu uma crise renal violenta”. 

Estes e outros depoimentos nos permitem compreender quão avassalador é o processo de luto. Está enganado quem pensa que luto é só tristeza. Luto é um emaranhado de sensações, uma confusão de sentimentos, uma estrada difícil de percorrer para dar um novo significado à vida que fica.

Estudiosos do tema “Morte e Luto” afirmam que este fenômeno é universal, natural, individual e esperado quando há o rompimento de um forte vínculo afetivo. Consideram ainda que o luto afeta profundamente várias dimensões da vida do sujeito, produzindo grandes impactos.  

A somatização e/ou doenças físicas também rondam os enlutados muitas vezes de forma traiçoeira.  Não devemos tomar como regra que todo luto afeta a saúde física, já que o processo é individual, mas é preciso atenção para quem está em luto ou acompanha quem está vivendo esse processo.

O que é saúde mental e qual sua relação com o luto?

Assim como diferentes fatores podem afetar a boa saúde física, há fatores que também podem abalar a saúde mental de uma pessoa, prejudicando sua sensação de bem-estar interno, a tomada de decisões, a resolução de problemas e até os relacionamentos.  

O conceito de saúde mental, segundo a OMS, está relacionado ao bem-estar psicológico, ou seja, a sensação de bem-estar e harmonia interna. Saúde mental abrange também a forma positiva de lidar e buscar soluções para os problemas do dia a dia e de manter relacionamentos humanos saudáveis. 

Um dos fatores capazes de abalar profundamente a saúde mental é a vivência de um luto. A experiência de perder alguém querido abala o equilíbrio interno e pode afetar temporariamente a capacidade da pessoa de dar conta do seu dia a dia e sua rotina.

Luto é considerado doença? Quais são os sintomas?

O luto é um processo natural de reação a uma perda importante. Luto não é uma doença, mas pode adoecer uma pessoa tanto física como mentalmente. 

É importante destacar que há sintomas físicos e psicológicos decorrentes da vivência do luto e eles não são sinais de doença, e sim sinais de luto, como:

  • Dificuldades para resolver problemas do dia a dia.
  • Falta de energia vital.
  • Desinteresse por estar com as pessoas.
  • Crises de choro.
  • Dores no peito (angústia).
  • Alterações no padrão de sono e apetite.

Quando o luto se torna mais difícil que o habitual ele é chamado de “luto complicado”. Não existe tempo certo para superar a perda de alguém, pois depende de cada pessoa e como ela está enfrentando a situação.

O chamado “luto complicado” acontece quando alguém não consegue seguir em frente após a morte de um ente querido, fazendo da perda um lugar central e de destaque na vida. Estas pessoas deixam de realizar suas atividades como trabalhar, ir ao mercado e todos os seus pensamentos e atos estão associados à perda. Isso geralmente acontece quando a morte foi abrupta, como acidentes, suicídio, tragédias e morte precoce de um filho.

Tristeza não é depressão!

Embora você possa não se reconhecer, possa estranhar tudo que está sentindo, é importante compreender que a vivência do luto pode provocar estes sentimentos e sintomas diferentes daquilo que você considera ser a sua normalidade. Levará tempo até que você possa se sentir bem internamente, mesmo que seja de uma forma diferente do que era antes. 

As sensações decorrentes do luto costumam oscilar bastante, ora estando menos intensas, ora mais intensas. Assim também há dias em que a pessoa enlutada consegue resolver algumas tarefas do cotidiano e outros dias ela não se sente capaz. Estas oscilações são esperadas e naturais.

Como cuidar da saúde durante o luto?

Às vezes, algumas falas são soltas e, por parecerem tão óbvias, as pessoas tendem não dar atenção à elas, entretanto, fique em alerta com as expressões: “Quero desaparecer”, “Vou deixar todos em paz”, “Eu só quero morrer”, “Queria dormir e nunca mais acordar”, “Não aguento mais”, essas são as mais comuns.

Existem outras formas e sinais de identificar intenções suicidas e é importante observar esses alertas. Além disso, é preciso desmistificar a ideia de que pessoas que expressem um desejo de morrer, falam isso para chamar atenção ou que está fazendo graça.

Fique atento aos seguintes sinais:

É possível que alguém que já fazia algum tipo de tratamento para a saúde mental antes do luto perceba que sua condição psíquica piora durante o processo de luto, necessitando apoio médico com maior regularidade. 

É possível também que a vivência do luto desencadeie algum tipo de transtorno mental, mesmo que temporário como: 

  • Crises de pânico
  • Depressão
  • Transtorno de sono e humor 
  • Estresse pós-traumático
  • Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
  • Abuso de álcool e drogas
  • Transtornos alimentares
  • Ansiedade 

Vale ressaltar que ter problemas com a saúde mental não é um sinal de fracasso pessoal. Todos estão sujeitos a maiores ou menores desequilíbrios da harmonia psíquica. Caso sinta a necessidade, procure um médico psiquiatra ou a ajuda de um psicólogo para que possam avaliar a condição de sua saúde mental neste momento e, se necessário, pensar em estratégias de como ajudá-lo a retomar o equilíbrio interno.

Como saber se meu corpo está sendo afetado fisicamente pelo luto?

Use as perguntas a seguir como um guia para identificar alterações, procure seu médico e tenha seus exames sempre em dia:

  • Como está sua alimentação? Você teve falta ou aumento de apetite?
  • Como está seu padrão de sono? Você tem tido dificuldades para dormir ou tem dormido além do que estava acostumado? (Sabemos que tanto a falta como o excesso de sono sinalizam alguma disfunção). 
  • Como está o funcionamento geral do seu corpo? Percebeu alguma alteração? 
  • Costuma ter inquietação física, não consegue ficar quieto(a) ou, ao contrário, se sente letárgico(a)? 
  • Se sente exausto(a), com cansaço e boca seca?
  • Sente dor de cabeça frequente, palpitação ou taquicardia durante o dia?
  • Percebeu queda de cabelo, doenças de pele ou alterações hormonais? 

Cuide de seu corpo e da sua mente. Seja generoso e compreensivo consigo mesmo. O autocuidado é o maior gesto de gentileza que você pode ter com você e com sua saúde. 

Para conhecer nossas soluções, clique aqui.

                            object(WP_Post)#13556 (24) {
  ["ID"]=>
  int(15987)
  ["post_author"]=>
  string(2) "10"
  ["post_date"]=>
  string(19) "2021-09-18 08:32:55"
  ["post_date_gmt"]=>
  string(19) "2021-09-18 11:32:55"
  ["post_content"]=>
  string(10568) "													
		

Neste texto, abordaremos o luto de parceiro(a), ou seja, o luto da esposa, o luto do marido, o luto do(a) companheiro(a) que fica.

Cada pessoa vive o luto de uma forma única e nenhuma experiência de perda é igual a outra. Mesmo em meio a tantas diferenças, alguns pontos de semelhança podem ser destacados para ajudar a compreender melhor o processo de perda e luto de um parceiro ou de uma parceira de vida. 

Perder alguém que você escolheu para dividir sua vida após deixar a casa dos pais é uma experiência de intenso sofrimento. Tornar-se “ímpar” depois de ter sido “par” é um aprendizado difícil em qualquer circunstância e em qualquer momento da vida. 

Por que o luto por um parceiro ou parceira de vida é tão intenso?

1- Vocês compartilhavam assuntos importantes

Depois dos pais, uma das pessoas com quem mais dividimos assuntos importantes são os companheiros de vida: assuntos financeiros, cuidado com os filhos, problemas na família, assuntos de saúde e trabalho, coisas sobre a rotina da casa e da vida. É certo que estes assuntos importantes faziam parte das conversas, mesmo que vocês não concordassem um com o outro sobre algumas coisas. Possivelmente você esteja se sentindo muito só neste tipo de conversa.

Para te ajudar: De fato, boa parte destes assuntos terão que ser administrados por você mesmo por um tempo, mas não será necessário cuidar de tudo sozinho. Lembre-se que você não compartilhava estes assuntos com outras pessoas porque tinha seu companheiro(a), mas na ausência dele ou dela você pode descobrir que existem outras pessoas confiáveis, familiares e amigos que possam caminhar mais perto de você e te ajudar em alguns assuntos.

2-  Vocês compartilhavam o mesmo espaço

Provavelmente sua casa está impregnada de lembranças difíceis: o lugar do sofá, a cadeira da mesa de refeição, o lado da cama, o guarda-roupa, dentre tantas outras. Em cada canto há a presença do seu parceiro de vida, vestígios e histórias sobre objetos e ambientes. 

Para te ajudar: Ao mesmo tempo que essas lembranças podem tornar muito dolorosa a presença no ambiente, para outras pessoas pode ser acolhedor estar perto de tudo que representa o companheiro(a). Não há consenso sobre permanecer na mesma casa ou se mudar, sobre tirar as lembranças do ambiente, sobre esconder as fotos. Cada pessoa viverá estas lembranças de forma única e a decisão dependerá do quanto estas lembranças lhe acolhem de alguma forma ou lhe atormentam. 

3- Vocês conviviam em intimidade

Acredite, você vai sentir falta até dos defeitos do seu companheiro de vida! Conviver com alguém na sua intimidade é também lidar com os problemas que essa convivência diária trazia. Você vai se lembrar de frases sempre repetidas, vai se lembrar de reclamações feitas, de coisas pelas quais vocês discutiam, vai se lembrar de manias e hábitos. E isso pode ocorrer muitas vezes ao dia. Até que você construa outras memórias ao longo desta nova vida, na qual seu companheiro(a) não está mais presente fisicamente, você recorrerá às memórias da vida que vocês

Para te ajudar:  Memórias também são legados! Você pode se entristecer pela lembrança, mas procure celebrar o fato de ter vivido estas coisas. Se estiver doendo muito, procure se distrair um pouco, mas não fuja das lembranças o tempo todo. Reserve um lugar especial em seu coração para estas recordações construíram juntos. 

4- Você se sentirá mais responsável pela vida que construíram juntos

Se vocês tiveram filhos, netos, se tiveram animais, se fizeram planos para o futuro, se construíram uma vida juntos, ela agora caberá somente a você e isso pode gerar insegurança e sofrimento. Esse aspecto do luto de parceiro(a) pode parecer pesado em um primeiro momento. Você nunca vai encontrar alguém que poderá substituir integralmente esta pessoa, ela era única e tinha um jeito próprio de ser. Contudo, você poderá reorganizar suas decisões, contando com a ajuda de muitas pessoas de sua rede de apoio.  

Para te ajudar: Você pode descobrir um amigo com o qual pode falar sobre finanças, pode contar com a ajuda de um vizinho para o cuidado dos animais, pode descobrir que parentes estão dispostos a te ajudar com parte das tarefas com que você não sabe ou não consegue lidar. Talvez você não vá tomar as mesmas decisões que tomavam juntos. Mas entenda que mudanças aconteceram e hoje é você que está vivendo a situação em um cenário diferente do que vocês estavam. É possível que muitas coisas tenham que ser pensadas de forma diferente. Embora seu companheiro(a) não esteja mais nesta vida, estamos certos de que você o(a) conhecia bem, que será capaz de imaginar quais conversas vocês teriam sobre algum problema a ser decidido. Procure emprestar sua voz a ele(a) e tentar responder a si mesmo o que ele(a) diria sobre esse problema, considerando este novo cenário.

5- É difícil ver o sofrimento dos filhos

Ao perder um companheiro(a) de vida com o qual você tinha filhos, seu sofrimento será duplo: por si mesmo e pelo luto de seus filhos. Não será possível poupá-los do sofrimento de perder um genitor. Não tente compensar a dor com presentes ou com falta de limites, na intenção de amenizar o sofrimento. Infelizmente seus filhos terão que viver seus próprios lutos, mesmo que você deseje ardentemente retirar esta dor do peito deles. 

Para te ajudar: Seu desafio neste momento será conseguir se organizar para dar andamento ao desenvolvimento da família e manter viva a história do seu parceiro(a). Como orientam nos aviões, o correto é colocar a máscara de oxigênio em você primeiro para poder conseguir ajudá-los, ou seja, cuide de si mesmo, procure cuidar do seu luto, ir retomando a vida para que eles possam contar com você. Haverá muitos momentos nos quais os parceiros farão falta e ninguém poderá substituí-los. Mas a memória deles poderá ser honrada por meio de histórias familiares, objetos guardados, fotos que recontam a história da família quando estavam presentes. Homenageá-los é também uma forma de os manter vivos. 

6- Vocês eram uma dupla

Independentemente do tempo que permaneceram juntos ou de como dividiam a vida, vocês eram reconhecidos como um casal. As pessoas que perdem o parceiro(a) costumam se sentir deslocadas socialmente, principalmente diante de outros casais. A sensação de estar só pode ficar intensificada quando você vê outros casais e é comum que evite eventos dessa natureza. Aprender a ser uma dupla também deve ter sido um árduo processo, desde quando vocês se conheceram. Brigas, discussões, alguns desentendimentos, manias e hábitos diferentes são obstáculos no aprendizado da convivência a dois. 

Para te ajudar: Entenda agora seu processo acontecendo ao contrário: você vivendo muitos obstáculos no processo de aprender a ser um só. Aceite que você terá um novo cenário e tenha paciência consigo mesmo. Quando estiver muito difícil conte com a companhia de amigos, parentes e pessoas próximas até que você se sinta seguro(a) para estar só nos momentos que vocês estariam juntos. Esta nova identidade será construída gradualmente e de forma lenta. Procure não se isolar socialmente como forma de se defender da dor, dê chances a vocês mesmo contra a solidão.

Fruto de uma história de amor.

O luto de um parceiro de vida é, acima de tudo, fruto de uma história de amor. A despeito de todas as dificuldades, é importante que você saiba que não precisa encerrar esta história: você seguirá com ela dentro de você para sempre. 

Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras.

Para conhecer nossas soluções, clique aqui.

" ["post_title"]=> string(19) "Luto de parceiro(a)" ["post_excerpt"]=> string(0) "" ["post_status"]=> string(7) "publish" ["comment_status"]=> string(4) "open" ["ping_status"]=> string(4) "open" ["post_password"]=> string(0) "" ["post_name"]=> string(16) "luto-de-parceiro" ["to_ping"]=> string(0) "" ["pinged"]=> string(0) "" ["post_modified"]=> string(19) "2024-08-15 16:56:42" ["post_modified_gmt"]=> string(19) "2024-08-15 19:56:42" ["post_content_filtered"]=> string(0) "" ["post_parent"]=> int(0) ["guid"]=> string(43) "https://cerejeiras.com.br/sitenovo/?p=15987" ["menu_order"]=> int(0) ["post_type"]=> string(4) "post" ["post_mime_type"]=> string(0) "" ["comment_count"]=> string(1) "0" ["filter"]=> string(3) "raw" }

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *