Turismo em cemitérios ou necroturismo: História, cultura e arte.

O turismo em cemitérios, também conhecido como turismo funerário ou necroturismo, não é tão popular como os demais estilos de passeios, mas a atividade vem crescendo impulsionada principalmente pelos interessados em História, arte, arquitetura e cultura em geral. 

Mas não é só dos cemitérios tradicionais, com grandes construções, estátuas e mausoléus que estamos falando. Os cemitérios parques são espaços privilegiados que nos remetem a tranquilidade e convidam a refletir e desfrutar da paisagem repleta de contato com a natureza, fomentando também o necroturismo.

O que é turismo em cemitérios?

O foco do turismo cemiterial é explorar o patrimônio artístico, histórico e cultural dos cemitérios. A partir da visitação aos túmulos e outras construções funerárias, o turista se aproxima da memória de personalidades que marcaram a História.

Onde encontrar turismo de cemitério no Brasil?

  • No Brasil, três das principais cidades que divulgam o turismo cemiterial são Ouro Preto, Rio de Janeiro e São Paulo.

    O mais reconhecido é o Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, de que você pode ter ouvido falar como o “Cemitério das Estrelas”. Muitas pessoas vão ao cemitério para visitar os túmulos das celebridades. Lá estão enterrados Oscar Niemeyer, Carmem Miranda, Tom Jobim, Cazuza, Carlos Drummond de Andrade, Cândido Portinari, Santos Dummont e Luis Carlos Prestes. 

    Em Minas Gerais, no Museu da Inconfidência, na cidade de Ouro Preto, encontramos o Panteão dos Inconfidentes, onde estão os restos mortais dos mártires que se insurgiram contra a autoridade portuguesa durante a Inconfidência Mineira.

    Em São Paulo, no Cemitério da Consolação estão enterrados Monteiro Lobato, Tarsila do Amaral, Ramos de Azevedo, Antoninho da Rocha Marmo, Mário e Oswald de Andrade. Nos mausoléus podemos encontrar obras de importantes escultores, como Victor Brecheret, Nicola Rolo, Luigi Brizzolara, entre outros. Fundado em 1858, o cemitério da Consolação oferece visitas guiadas, que podem ser agendadas com o Serviço Funerário do Município de São Paulo.

Turismo em cemitérios ao redor do mundo.

São muitos e de características variadas os locais que se destacam pelo turismo funerário ao redor do mundo. Revelam aspectos muito característicos da cultura das cidades e dos países onde se encontram.

Cemitério Père-Lachaise em Paris, França.

A cidade que mais se destaca no necroturismo é Paris, expoente quando o assunto é arte, história e cultura. O Cemitério Père-Lachaise, o mais renomado de Paris, deve seu nome ao Padre François d’Aix de La Chaise, confessor do Rei Luís XIV da França. Considerado um verdadeiro museu a céu aberto, recebe aproximadamente 2 milhões de visitantes por ano. Possui muitos espaços verdes e abriga muitos túmulos de personalidades francesas e internacionais como Pierre Bourdieu, Jim Morrison, Oscar Wilde, Honoré Balzac, Fédéric Chopin, Maria Callas, Delacroix, Jaques-Luis David, Gerda Taro, Proust, Alan Kardec entre outros.

Cemitério da Recoleta em Buenos Aires, Argentina.

Localizado no nobre bairro de mesmo nome, Recoleta, o destaque desse cemitério são os jardins que o cercam, muito frequentados por turistas e moradores da região. 

Suas lápides e tumbas luxuosas são marcadas por uma arquitetura neoclássica. O cemitério também ostenta mausoléus de celebridades históricas: artistas, músicos e escritores argentinos foram enterrados ali. O cemitério oferece visitas guiadas que contam a história do país. A tumba mais visitada é a da ex-primeira-dama Eva Perón.

Cemitério de Okunoin em Wakayama, no Monte Koya, Japão.

Neste cemitério, mais de 200.000 tumbas estão espalhadas por uma floresta de cedros cobertos de musgo, rodeada de lendas. Você pode visitar por conta própria, mas também estão disponíveis visitas guiadas, tanto de dia como de noite. Se você for sozinho e à noite, esteja preparado para uma experiência única. Há também o mausoléu de Kobo Daishi, um famoso monge budista, poeta, artista e criador da escola de Budismo Shingon. O lugar é também um lugar popular para a meditação.

Cemitério Azael Franco em Tulcán, Equador.

Os túmulos brancos deste cemitério equatoriano contrastam com o verde profundo dos arbustos moldados que os cercam e os protegem do vento. Desde 1936, inúmeras figuras de animais, deuses incas e maias e figuras egípcias, gregas e romanas surgiram das tesouras do hábil jardineiro Azael Franco.

O cemitério mais alegre do mundo: Cemitério de Sapanta, na Romênia.

A arte colorida do cemitério de Sapanta é surpreendente e, por esta razão, tornou-se uma das mais peculiares do mundo. Nas lápides do falecido, além do nome e da data da morte, há também um epitáfio e um desenho recontando algum evento característico de suas vidas, uma ideia que veio de um artesão local após a Segunda Guerra Mundial e que agora se tornou uma tradição. É chamado de cemitério alegre porque as mensagens transmitidas por seus epitáfios estão cheias de ironia e humor. É um lugar para entender a morte de uma maneira diferente e é aconselhável visitar com um guia local.

Cemitério dos Cães em Asnières-sur-Seine, França.

Em 1898, as autoridades francesas aprovaram uma nova lei que autorizava o enterro dos corpos de animais de estimação falecidos. Foi aí que o Cimetière des Chiens (Cemitério dos Cães) foi criado. Esta iniciativa, liderada pela jornalista Marguerite Durand, foi um sucesso e agora contém os túmulos de dezenas de milhares de animais: cães e gatos, mas também galinhas, macacos, porcos, cavalos etc. Alguns dos animais de estimação falecidos, além de terem uma história de amor profunda, também são famosos, como o cão Rin Tin Tin ou o gato de Alexandre Dumas. 

Cemitério dos suicidas em Berlim, Alemanha.

No sul da cidade de Berlim, durante o século XIX, as pessoas que queriam tirar suas próprias vidas muitas vezes decidiam se atirar no rio Havel. O problema era que muitos dos cadáveres ficavam presos nos meandros do rio e, por não poderem ser enterrados em um cemitério cristão devido a seu pecado, tornaram-se um problema para as autoridades. Eles encontraram a solução na floresta de Grunewald, que se tornaria o cemitério dos suicidas, Friedhof Grunewald-Forst.

Cemitério de Sagada na ilha de Luzon, Filipinas.

Este cemitério não é nem um grande cemitério nem um cemitério de gente famosa, mas seus caixões suspensos chamam a atenção de qualquer um. Não procure sepulturas a dois metros de profundidade, mas caixões de madeira ancorados ao lado de um penhasco de montanha em diferentes alturas. Este costume começou com o desejo de manter os corpos fora do alcance dos animais, mas hoje se tornou uma tradição.

Cemitério Wadi Al-Salam: o maior cemitério do mundo.

O nome do cemitério significa “Vale da Paz” e está localizado na cidade de Najaf, no Iraque. O terreno mede cerca de 10 quilômetros quadrados e abriga mais de 8 milhões de corpos. Acredita-se que o primeiro imã Ali ibin Abi Talibe, primo e genro do profeta Maomé, foi sepultado neste terreno por volta do ano 661 d.C. Por isso, é considerado um local sagrado pelos muçulmanos xiitas. Em função disso e da crença de que Ali tem o poder de interceder pelos falecidos, há séculos os muçulmanos xiitas da região do Irã, Iraque, Paquistão, Índia e de outros países são encorajados a enterrarem seus entes queridos lá.

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O luto é inevitável pois a morte sempre será um evento humano e dificilmente estaremos preparados para lidar com ela e com suas intercorrências. O processo de luto está relacionado à experiência de perda (rompimento) de algo ou alguém com o qual se tem importante laço afetivo. Somos os únicos seres vivos que sabemos da nossa finitude.

O que os especialistas dizem sobre o luto?

Segundo Bowlby (1900) o processo de luto implica em duas mudanças psicológicas: 

  • Reconhecer e aceitar a realidade;
  • Experimentar e lidar com as emoções que estão em torno da perda. 

Contudo, é sabido que o luto não é só por morte física. Qualquer perda significativa e de grande vínculo emocional leva a um estado de luto.

O Dr. K. J. Doka (1989/2002) descreve um luto pouco estudado: o luto não reconhecido. Para ele, a definição de luto não reconhecido fala de uma perda não validada e que não pode ser aceita socialmente, abertamente reconhecida ou ter seu luto vivido publicamente. 

Luto não é apenas morte física: os diferentes processos de luto.

Além da morte física de um ente querido, temos inúmeras outras ocasiões de perdas/luto. São muitas situações em que o enlutado não é acolhido e validado como vivendo um rompimento afetivo e um processo de luto. 

Podemos destacar alguns grupos que enfrentam a falta de reconhecimento como pessoas que vivem o luto.  

Amigos, ex-cônjuge, amantes, parceiros homossexuais, filhos adotivos, animais de estimação. Este grupo tem em comum o fato do relacionamento (vínculo) não ser socialmente reconhecido, ou seja, a relação do enlutado com a pessoa perdida não é considerada como uma relação de forte vínculo afetivo por não ser baseada em relacionamento de parentes ou ligado à família no sentido tradicional.   

Aborto, perdas perinatais, neonatais, abandono, adoecimento, incapacidade física, aposentadoria, perda de emprego, término de vínculo (namoro, amizade, casamento etc.) mudança de país, mutilação, amputação. Por não se tratar de perdas tão concretas ou definitivas como a morte, essas experiências de perdas podem não ser consideradas socialmente significativas.

Luto por suicídio enfrenta barreiras na própria sociedade.

O luto por suicídio também é considerado por vários estudiosos como não reconhecido.  Apesar da morte física, ele é estigmatizado e marginalizado pelo social, o que acaba por dificultar o enfrentamento do luto da família que já tem um universo de perguntas, culpas e muitos problemas para resolver. 

Toda sociedade tem suas regras e rituais que regem e endossam o comportamento do enlutado e seus sentimentos dando a ele o status social de pessoa em luto.  

Lutos não reconhecidos são, portanto, perdas que ocorrem ao longo da vida e não têm espaço para que sejam elaboradas. Muitas vezes nem a própria pessoa que sofre a perda se permite vivenciá-la.

Processo de luto durante a pandemia sem os rituais de despedida.

Durante a pandemia acompanhamos muitos lutos não reconhecidos. A pandemia nos convoca a pensar em muitas perdas (simbólicas) e nos aproxima da morte física e de outras regras para enlutar-se (sem rituais) no novo contexto.

Protocolos de distanciamento, interrupção dos rituais de velório e sepultamento e impossibilidade de se despedir são fatores que tornam o luto não reconhecido, muitas vezes, um luto complicado que culmina em uma série de impactos para saúde física e mental, tais como: tristeza permanente, depressão, fadiga, ansiedade, insônia, irritabilidade/solidão entre outras manifestações. 

Considerações e dicas para enfrentar o processo de luto.

Você que está vivendo um luto neste momento precisa ter atenção em algumas situações: 

1 – Viver o luto é importante. Se os rituais que são “start” para esse processo não puderem ser realizados, façam alguma homenagem junto à família e amigos para permitir a concretude do fato. 

2 – Busque espaços e pessoas que possam validar seu luto sem julgamentos. 

3 – Busque grupos de apoio ao luto que lhe permitam se identificar como indivíduo que está em luto e compartilhar sua dor.

4 – Os grupos de apoio ao luto têm sido um rico canal de trocas e possibilidades seguras de expressões de emoções e de legitimar suas reações de luto.

5 - Escutar as experiências vividas por outros enlutados ajudará a organizar suas emoções e sentimentos. 

E, por fim, busque a intervenção terapêutica individual se não encontrar uma rede de suporte na família. Um dos propósitos da terapia de luto é acolher e promover uma conversa em que tudo aquilo que não foi autorizado, possa ser legitimado pelo terapeuta. 

Como afirma Casellato (2015), ao aceitar o luto do paciente, o terapeuta empaticamente encoraja e permite que ele consiga reconhecer e expressar seus sentimentos.      

Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras

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