Adoecemos quando alguém sai de nossas vidas e nos despedimos de nós mesmos.
(Teresa Gouvea – psicóloga especialista em luto)
Muitos enlutados nos perguntam, “Por que depois da morte do meu filho eu desenvolvi diabete?” ou fazem comentários como: “Este mês tem sido muito difícil, vai fazer um ano que ela faleceu e além de não conseguir dormir, descobri que estou com a pressão alta.”, “Depois que perdi meu marido fiquei doente, me deu uma crise renal violenta”.
Estes e outros depoimentos nos permitem compreender quão avassalador é o processo de luto. Está enganado quem pensa que luto é só tristeza. Luto é um emaranhado de sensações, uma confusão de sentimentos, uma estrada difícil de percorrer para dar um novo significado à vida que fica.
Os impactos do luto no corpo, na saúde física e na mente.
Estudiosos do tema “Morte e Luto” afirmam que este fenômeno é universal, natural, individual e esperado quando há o rompimento de um forte vínculo afetivo. Consideram ainda que o luto afeta profundamente várias dimensões da vida do sujeito, produzindo grandes impactos.
Além da vulnerabilidade e fragilidade, em alguns casos são esperados sintomas emocionais diversos, tais como: tristeza profunda, depressão, sentimento de culpa e arrependimentos.
A somatização e/ou doenças físicas também rondam os enlutados muitas vezes de forma traiçoeira. Não devemos tomar como regra que todo luto afeta a saúde física, já que o processo é individual, mas é preciso atenção para quem está em luto ou acompanha quem está vivendo esse processo. Fique atento a alguns hábitos do dia-a-dia, pois muitos fatores devem ser considerados e observados para você cuidar de si, da sua saúde física e pedir ajuda.
Considere algumas atenções básicas que você deve ter consigo mesmo e se faça as seguintes perguntas:
- Como está sua alimentação? Você teve falta ou aumento de apetite?
- Como está seu padrão de sono? Você tem tido dificuldades para dormir ou tem dormido além do que estava acostumado? (Sabemos que tanto a falta como o excesso de sono sinalizam alguma disfunção).
- Como está o funcionamento geral do seu corpo? Percebeu alguma alteração?
- Costuma ter inquietação física, não consegue ficar quieto(a) ou, ao contrário, se sente letárgico(a)?
- Se sente exausto(a), com cansaço e boca seca?
- Sente dor de cabeça frequente, palpitação ou taquicardia durante o dia?
- Percebeu queda de cabelo, doenças de pele ou alterações hormonais?
Corpo e mente estão conectados constantemente.
Não podemos esquecer que nosso corpo está intimamente ligado ao nosso cérebro. O binômio “Corpo e Mente” está em constante conexão e, muitas vezes, um fala em nome do outro.
Um estresse emocional muito grande pode modificar todo o metabolismo, alterando a ação de hormônios, a resposta de imunidade e, consequentemente, vários sintomas podem indicar que algo está em desequilíbrio. O processo de adaptação a uma nova realidade de si e do mundo, mesmo sendo cultural, familiar, e sem tempo de término, requer cuidados especiais. Ter uma rede de apoio, amigos e familiares é um fator que contribui muito para a saúde mental e física.
Aqui vão algumas dicas para não adoecer:
- Cuide de sua saúde, fique atento às mudanças, busque por momentos de lazer e acredite que você pode se reinventar.
- Procure um médico diante de qualquer alteração em sua saúde e informe que você está vivendo um processo de luto.
- Não deixe de cuidar também da saúde mental.
O autocuidado é o maior gesto de gentileza que você pode ter com você mesmo e com sua saúde. Como lembra C. Parkes, “Amor e perda são faces da mesma moeda” e, se expandirmos esta premissa, podemos afirmar que “mente e corpo são partes de um mesmo sujeito”.
Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Grupo Cerejeiras