Luto

Luto pela morte do pai.

“Naquela mesa ele juntava gente e contava contente o que fez de manhã
e nos seus olhos era tanto brilho que mais que seu filho eu fiquei seu fã.”
(Sérgio Bittencourt)

A letra da música “Naquela Mesa”, gravada por diferentes gerações de intérpretes como Nelson Gonçalves e Otto, remete à admiração por uma figura fundamental na construção dos laços familiares: o pai.

O pai é o símbolo da proteção e segurança familiar. Exerce um papel essencial na formação emocional dos filhos. Representa os limites, a lei e os valores morais e éticos, mesmo quando ausente ou separado do núcleo familiar. 

Também contribui para o processo de diferenciação entre o bebê e a mãe, ajudando na construção da autonomia e dos limites essenciais para o desenvolvimento saudável da criança. 

Existem diferentes tipos de pais: pai herói, pai ausente, pai padrasto, pai amigo, entre outros. 

Mas uma verdade é universal: todos viemos de um pai, e a perda dele impõe um processo longo e intenso chamado luto.

O Luto pela perda do pai.

Na Psicologia, qualquer rompimento de um vínculo amoroso exige um trabalho de luto. O luto é um conjunto de reações físicas e emocionais que ocorre quando nos deparamos com a ausência definitiva de alguém. Ele nos obriga a encarar a morte como irreversível e imutável.

A perda do pai é uma das experiências mais profundas e estressantes que um filho pode vivenciar, independentemente da idade ou da qualidade do relacionamento que mantinham. 

Quando o pai morre, há um impacto significativo na dinâmica familiar. Os filhos se tornam órfãos de pai, e a mãe, uma viúva.

Embora existam poucos estudos sobre o luto de filhos que perderam seus pais, algumas pesquisas, como as do psicólogo Amadeo Giorgi, destacam sentimentos comuns nesse processo: a sensação de abandono, o vazio, a solidão, a perda de um apoio e a angústia de um futuro que parecia garantido, mas foi abruptamente alterado.

As lembranças da convivência com o pai – os momentos da infância, as conversas, as viagens – tornam-se memórias preciosas, que ao mesmo tempo confortam e despertam uma dor difícil de processar.

Além disso, as relações familiares costumam se transformar. Um dos filhos ou a mãe pode assumir um papel diferente, e novas responsabilidades surgem. 

Se houver irmãos, é importante lembrar que, embora o pai seja o mesmo, cada um terá uma forma única de vivenciar o luto. Isso pode gerar conflitos sobre como lidar com a ausência do pai, a divisão de responsabilidades e até mesmo as diferentes formas de lembrar e honrar sua memória.

Muitas vezes o meio externo cobra da família uma restauração quase imediata da família, mas o luto demanda tempo, energia e um longo processo de ressignificação.

Como lidar com o luto pela perda do pai.

  1. Permita-se sentir – A perda de um pai é dolorosa. O luto é uma jornada pessoal e não segue regras. Chore, sinta tristeza, raiva ou saudade. Tudo isso faz parte.
  2. Dê espaço para momentos de leveza – Mesmo em meio à dor, é normal sentir alegria e buscar distrações. A saudade permanecerá, mas as boas lembranças também podem ser fonte de conforto.
  3. Não se prenda ao tempo – Não existe um prazo para superar o luto. Cada pessoa tem seu próprio ritmo para lidar com a dor e a ausência.
  4. Busque apoio – Conversar com amigos, familiares ou participar de grupos de apoio para filhos que perderam os pais pode ajudar a aliviar a carga emocional.
  5. Aceite que você mudará – O luto transforma quem somos. A perda de alguém querido nos marca, independentemente da idade.
  6. Respeite seus sentimentos – Sentir culpa por algo não dito ou feito é comum, mas lembre-se de que nenhum relacionamento é perfeito.
  7. Evite comparações – Seu relacionamento com seu pai foi único. Validar seus sentimentos ou compará-los com os de outras pessoas pode ser prejudicial. O mais importante é buscar entendimento e apoio dentro da família.
  8. Considere ajuda profissional – Se sentir necessidade, procure um terapeuta especializado em luto. Profissionais podem ajudar a tornar esse processo menos solitário e mais compreensível.
  9. Cuide da sua saúde – Pratique atividades que façam bem para o corpo e a mente. Pequenas homenagens ao seu pai podem ajudar a manter viva sua memória e seu legado.
  10. Lembre-se: o amor permanece – Quem ama deseja que aqueles que ficaram sigam vivendo e encontrando felicidade. Honre a memória do seu pai continuando a trilhar seu próprio caminho.

Mesmo sabendo que a vida é finita, nunca estamos verdadeiramente preparados para perder alguém que amamos.

Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Cerejeiras

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