Luto e Natal: o impacto das festas de final de ano no processo de luto das famílias.

Enfrentar o processo de luto é desafiador a qualquer momento, mas durante as festas de final de ano a ausência do ente querido causa muitos sentimentos de melancolia para toda a família.

O processo de luto durante as festas de final de ano.

Mais um encerramento de ano se aproxima e com ele a euforia das festas tradicionais de Natal e Ano Novo. Apesar das campanhas publicitárias de cenas de harmonia e de consumo, não podemos esquecer que um número considerável de pessoas estará vivendo a caminhada do luto. Sabemos que o luto é um processo atemporal, individual e de muito trabalho psicológico.

Festas de final de ano e luto serão diferentes no contexto da pandemia.

Durante o ano de 2021, tivemos ainda que lidar com o isolamento social proveniente da pandemia, que afastou as famílias, causando o sentimento de solidão e impotência diante de uma ameaça letal que assolou o mundo nos últimos 2 anos. 

Famílias do mundo todo perderam seus entes queridos e nem tiveram a oportunidade de se despedir como de costume. A proibição dos rituais fúnebres para evitar aglomeração e a propagação do vírus impactou o processo de luto de muitas famílias. Isso porque os rituais de despedida são fundamentais para o enlutado iniciar o período de luto e receber o apoio de familiares e amigos.

A pandemia também afetou a economia global e refletiu na queda do poder aquisitivo das famílias. Alta dos preços, inflação e desemprego gerou o stress e fadiga de adultos e adolescentes que acabam por somatizar, física e emocionalmente, muitas doenças que pedem intervenções médicas e psicológicas.

Os contrastes nas festividades de fim de ano diante do luto e a perda dos entes queridos.

A chegada do mês de dezembro e as festas de final de ano nos apresenta um enorme muro de contrastes: 

  • Alegria e tristeza:

Alegria por termos chegado até o fim do ano e a tristeza por tantas vidas perdidas e por não podermos compartilhar este momento com os que já partiram. 

  • Reencontros e ausência

Com o avanço da vacinação, estas festas de final de ano serão sinônimo de reencontros e a presença dos familiares e amigos que não víamos há muito tempo. No entanto, a ausência dos entes queridos que já partiram será impactante para muitas famílias que enfrentam o luto. 

  • Festas e solidão

Para muitos, as festas de final de ano serão celebradas em festas e comemorações com grande fartura, porém outros enfrentarão a solidão e a escassez durante o Natal e Ano Novo.

As tradições das festas de fim de ano e o enfrentamento do luto.

A tradição natalina convoca a vivência de algumas situações que são, muitas vezes, difíceis de serem administradas por quem está vivendo um luto.   

Os símbolos natalinos tais como: as árvores de Natal com estrelas, brilhos e cores, Papai Noel, anjos e presépios, que muitas vezes remetem a uma alegria de reencontros e comemoração familiar, podem ser disparadores de lembranças alegres e tristes e da constatação da ausência de um ou mais membros daquela família.

A própria reunião familiar, onde todos se encontram com abraços fraternais para a tão esperada ceia, pode ser uma cena difícil de viver, pois a falta daquela pessoa que animava e juntava o grupo fica ainda mais em evidência. 

A celebração com felicidade, com manifestações de emoções de alegria e contentamento, vai na contramão da dor do enlutado.

As festas de final de ano representam também o fechamento de um ciclo, onde comumente se deixa para trás o que passou. Para quem perdeu um ente querido é muito difícil fechar, se despedir de quem você não quer esquecer jamais.  

O início de um novo ciclo também acarreta a expectativa de planos para o próximo ano. Este passo é muito difícil para um enlutado. Projetar algo para o futuro requer entender que o ente querido que partiu está no passado e não participará dos planos. Esta percepção pode ser complexa e dolorosa para a família enlutada.

Como viver as festas de final de ano durante o processo de luto?

Nós que trabalhamos com famílias enlutadas sabemos que o Natal e as festas de final de ano nem sempre são comemorações de alegria com trocas de presentes e ceias fartas que reúnem todos os membros da família felizes e sorridentes. Separamos algumas dicas e comentários que podem ajudar a viver este período mesmo enfrentando o luto e a ausência dos entes queridos.

1 – Acolha seus sentimentos e emoções.

É essencial entender que natural e inevitavelmente serão afloradas emoções relacionadas àqueles que se fazem presentes e àqueles que já se foram de nossas vidas, deixando saudades e recordações. 

2- Faça o que for possível, independentemente das tradições.

Sendo assim, a melhor maneira de viver as festas de fim de ano durante o processo de luto é fazer o Natal possível do seu jeito, com seus limites e com suas possibilidades de passar por essa data. Acima de qualquer tradição, é importante respeitar suas emoções, pois só você sabe o que está sentindo.

3- Não se prenda às regras.

Não temos regras. A verdade é que não podemos tirar essa data do calendário e ela vai acontecer, independentemente da vontade de alguns de exterminá-la. O que podemos orientar e sinalizar para as famílias é que procurem passar esse momento da forma menos dolorida possível. 

4- Ressignifique. 

Faça com que as tradições e as repetições de anos anteriores sejam remodeladas, reformatadas e, sobretudo, ressignificadas com o que sua alma suporta e pede como aconchego, seja um sorriso tímido, uma lágrima, um silêncio ou pouca conversa.  

5- Seu luto é único e seus sentimentos também.

Não se prenda à fiscalização ou à “patrulha” do luto alheio que diz o que você tem que fazer e sentir. Isso é um desserviço que está na contramão do processo de luto. Cada um vive a perda à sua própria maneira. Tudo bem não estar bem. 

O Natal deve festejar os vivos e honrar os mortos que fazem e farão parte de nossas vidas para sempre. Assim, imaginamos que todos terão saudades nesta data, e tudo bem se você ficar triste!  Tudo bem se ficar alegre! Não tenha vergonha de suas emoções. Dê espaço aos seus sentimentos, pois você está de luto.

Suporte ao luto no Memorial Parque das Cerejeiras.

Sabemos que o processo de elaboração da perda pode ser complexo e doloroso. Por isso, estruturamos programas para, de forma gratuita, prover atenção profissional e disponibilizar informação qualificada para o processo de compreensão e aceitação da transição pessoal que representa o luto. Oferecemos palestras com profissionais da psicologia especializados em luto. Por meio de grupos de apoio ao enlutado, auxiliamos na abertura para a discussão coletiva e para a compreensão do significado da perda.  

Este texto foi desenvolvido pelo Centro de Psicologia Maiêutica em colaboração com o Cerejeiras

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Receber a notícia da morte de alguém não é fácil, seja de alguém próximo ou distante do nosso convívio. Além da triste notícia que nos abala, muitas vezes surgem dúvidas sobre como se comportar em um velório ou funeral, como se vestir, se é necessário levar flores, o que dizer e o que é melhor evitar falar.

Como devo me comportar em um velório?

Geralmente os velórios são ambientes silenciosos para respeitar o momento da cerimônia em si. Sendo assim, é importante então tomar alguns cuidados:
  • Manter o celular desligado ou no modo silencioso.
  • Manter o tom de voz baixo durante as conversas.
  • Vestir roupas discretas e com cores neutras.
  • Ao levar crianças, tomar conta para evitar correria e muito barulho.
  • Jamais tire fotos durante o velório.
  • Assine o livro de presença, se houver.
  • Ao chegar, fique em silêncio por um minuto em frente ao caixão -- essa atitude será vista como demonstração de respeito ao falecido.

Posso levar crianças ao velório e funeral?

As crianças podem ir ao velório, mas devem ser consultadas a respeito disso. Devemos lembrar que elas não sabem ao certo o que acontece num velório e, por isso, é preciso que o adulto esclareça sobre o que poderá ocorrer nesse lugar. É importante dizer, com palavras simples, que o corpo da pessoa que morreu fica numa caixa especial, por um tempo, para que as pessoas possam vê-lo, mais uma vez, antes de ser enterrado. Também é importante avisar que haverá gente chorando, pois estão tristes com o fato. Outra sugestão é mencionar que a pessoa que morreu não sente mais dor, frio ou qualquer desconforto. Após a explicação, pergunte se ela deseja ir ao velório, e só a leve em caso afirmativo; não a obrigue a ir em hipótese alguma, mas também não lhe negue o direito de participar do ritual.

O que dizer ao chegar no velório?

Expressar os sentimentos ou condolências é a forma de confortar as pessoas próximas ao falecido neste momento tão sensível. Não é preciso falar muito. Às vezes, só sua presença já é reconfortante, mas uma mensagem curta como “Sinto muito”, “Meus pêsames” ou “Lamento pela sua perda” será bem recebida. E se ainda assim faltar palavras, um abraço é uma ótima forma de se expressar. Caso queira mais detalhes sobre como expressar pêsames ou condolências, consulte nosso artigo “Maneiras de enviar condolências após a morte de entes queridos”. A melhor forma de escolher o que dizer e como agir é se colocar no lugar da família enlutada e pensar o que você gostaria de escutar e como gostaria que as pessoas ao seu redor agissem. Se você já perdeu um ente querido e passou por uma situação de luto familiar, fica mais fácil compreender. No entanto, tenha em mente que cada pessoa é única em sua forma de responder às diversas dificuldades da vida e lida com os sentimentos de maneira também muito particular. Respeite sempre o tempo, a vontade e o espaço de cada um ao ajudar uma família em luto, mas saiba que seu apoio é muito importante neste momento.

O que não devo dizer à família enlutada durante o velório?

Evite dizer aos familiares do falecido que “você sabe o que eles estão sentindo” ou que o falecido “agora está descansando”. Este é um momento sensível e os enlutados estão passando por um turbilhão de emoções. Outros assuntos que não devem ser abordados neste momento são: “como você está?”, “o tempo cura a dor”, “todos passam por isso” e “não se sinta mal”. Evite estas expressões:
  • “Você ainda pode se casar de novo”
  • “Ele(a) descansou”
  • “Deus sabe sempre o que faz”
  • “Me disseram que ele(a) morreu de maneira trágica, como foi?”
  • “Não sei se serve de consolo, mas o meu caso foi bem pior que o seu, porque…”
  • “Pare de chorar, ele(a) não fica feliz com isto de lá onde ele(a) está”

Como prestar homenagem durante o velório?

A presença no velório já é uma importante forma de homenagem. E para expressar a lembrança e o carinho é comum, por exemplo, enviar uma coroa de flores ou levar flores. E há outras formas de homenagear como deixar uma mensagem em um livro de condolências ou em sites de homenagens, entre outros. Além de poder se despedir da pessoa que morreu, o comparecimento ao velório é uma forma de amparar a família, demonstrar solidariedade e apoio.

Como auxiliar uma família em luto?

Pessoas em luto precisam de ajuda não só no momento do velório e sepultamento. Depois do primeiro mês após a morte, as pessoas em luto costumam se sentir mais sozinhas porque os amigos e parentes voltam para suas vidas e seus afazeres. Se quiser ajudar, mantenha contato, demonstre disponibilidade, se ofereça e sempre pergunte o que a pessoa está precisando. Ofereça ajuda com ações do dia a dia da pessoa, telefone para conversar, para saber como ela está, se ofereça mais para ouvir do que para falar. Ao contrário do que parece, falar sobre o que está sentindo, sobre a pessoa que faleceu, sobre a saudade que sente, faz bem para o processo de luto. Caso a pessoa não queira conversar, não force, tenha paciência. Para saber mais sobre este tema, consulte nosso blog “Família em Luto, saiba como ajudar”.

Observe e leve em consideração as diferenças culturais e religiosas.

O Brasil é um país multicultural e com muitas religiões diferentes. Ao chegar a um velório é importante seguir as tradições e os costumes da família, mesmo que você não pratique determinada religião. Não é necessário fazer algo que vá contra seus valores, mas é importante demonstrar respeito ao falecido e sua família. As principais religiões do Brasil possuem algumas particularidades. Procure sempre saber como será o ritual antes de ir.

Cristãos evangélicos:

As famílias cristãs evangélicas não se apegam a simbologias, focando no suporte à família enlutada e na união dos membros da igreja e amigos.

Cristãos católicos:

Os católicos utilizam mais símbolos e ornamentos como castiçais, cruz, terços, velas e coroas de flores para homenagear o falecido e professarem sua fé nos santos.

Judeus:

A cerimônia judaica costuma ser curta e enaltece as qualidades do falecido. Durante o ritual as mulheres cobrem suas cabeças com lenço e os homens usam o quipá.

Muçulmanos:

Para os muçulmanos não há velório e vestir-se de preto não é necessário. O corpo do ente querido é exibido publicamente para a despedida.

Budismo japonês:

Com música, fotografia e melhores vestimentas, as despedidas budistas são sinônimo de festa com direito a banquete para os convidados." ["post_title"]=> string(87) "Como se comportar em um velório ou funeral: o que fazer e o que evitar nestes eventos." ["post_excerpt"]=> string(0) "" ["post_status"]=> string(7) "publish" ["comment_status"]=> string(4) "open" ["ping_status"]=> string(4) "open" ["post_password"]=> string(0) "" ["post_name"]=> string(42) "como-se-comportar-em-um-velorio-ou-funeral" ["to_ping"]=> string(0) "" ["pinged"]=> string(0) "" ["post_modified"]=> string(19) "2024-06-20 15:33:39" ["post_modified_gmt"]=> string(19) "2024-06-20 18:33:39" ["post_content_filtered"]=> string(0) "" ["post_parent"]=> int(0) ["guid"]=> string(43) "https://cerejeiras.com.br/sitenovo/?p=18332" ["menu_order"]=> int(0) ["post_type"]=> string(4) "post" ["post_mime_type"]=> string(0) "" ["comment_count"]=> string(1) "0" ["filter"]=> string(3) "raw" }

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